Grupo da Flórida reiterou que queimará livro sagrado muçulmano no aniversário de 11 de setembro
Gerou protestos em países de maioria muçulmana e de autoridades dos EUA. O anúncio de que uma pequena igreja cristã americana pretende queimar exemplares do Alcorão - o livro sagrado do Islamismo - para marcar o aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001, no próximo sábado, causou uma grande manifestação.
Nos últimos dias, também foram registradas manifestações na Indonésia e no Afeganistão contra as intenções da igreja Dove World Outreach Center, que fica na Flórida, de queimar exemplares do Alcorão.
Segundo o general David Petraeus, comandante das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, a queima dos livros poderia ser usada por extremistas para incitar atos de violência contra militares e civis. – “Eu penso que as imagens desta atividade podem muito bem serem usadas por extremistas aqui e em várias partes do mundo. Eles a usariam para inflamar a opinião pública e para incitar a violência contra nossos soldados e civis", disse Petraeus.
Em entrevista à rede de televisão americana ABC nesta terça-feira, o comandante afirmou que o ato pode colocar em risco a vida de soldados no país. – “Nós estamos muito preocupados com as implicações de uma possível queima do Alcorão nos EUA. Isto muito provavelmente coloca nossos soldados em risco", disse.
Também nesta terça-feira, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, afirmou que "qualquer atividade que possa ameaçar nossos soldados será uma preocupação para o governo".
Após as declarações, o pastor Terry Jones, da Dove World Outreach Center, afirmou, por meio de um comunicado, entender as críticas, mas disse manter os planos de queimar exemplares do livro sagrado dos muçulmanos no próximo sábado.
A nova polêmica surge em um momento em que um projeto de construção de uma mesquita próxima ao local onde ficavam as Torres Gêmeas, em Nova York, vem causando protestos nos EUA.
"Nós entendemos as preocupações do general (Petraeus), temos certeza de que elas são legítimas. Mesmo assim, sentimos que é hora de os EUA deixarem de pedir desculpas por suas ações. Nós devemos enviar uma mensagem clara para os elementos radicais do Islã: Nós não seremos mais controlados e dominados por seus medos e ameaças. É hora de a América voltar a ser a América".
Em sua página na internet, a igreja liderada por Jones, que tem cerca de 50 fiéis, traz um texto intitulado "Dez razões para queimar um Alcorão", no qual compara o islamismo ao nazismo e ao comunismo. No site também é possível comprar exemplares do livro Islam is of the Devil ("O Islã é do Demônio", em tradução livre), escrito por Jones, assim como camisetas e canecas com a frase.
Em comentário na rede americana de televisão CNN nesta terça-feira, o pastor disse saber que a ação ofenderá muçulmanos em geral, mas que "a mensagem que estão tentando enviar para a parte radical do Islã é mais importante".
Segundo Jones, a ação pretende mostrar que os americanos não irão tolerar a "imposição das leis muçulmanas" nos EUA.
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